O discurso

A lapela do terno

do homem do discurso

é mais negra que

a própria noite.

Ela carece de estrelas.

Ela carece de lua.

E lhe falta também a

auréola luminosa

que desbota a noite

das grandes cidades.

Eu me perco nessa lapela

e no seu breu absoluto.

Eu me encontro nesse breu

Dessa lapela-que-é-poço.

As palavras do homem

Por trás dessa lapela

se deslizam desdobráveis

por entre os meus átomos

feito água na peneira.

Mas esse breu—

ele me é sólido e perfeito.

Esse breu me convida, me

transporta e me pára.