TECER PALAVRAS
Num ato de paz
Na beleza escondida
Um objeto perfaz
A alegria esquecida
Um fato ocorrido
E surpresa da dor
Não há mais perigo
No caminho do amor
Sem texto e palavra
A verdade não vinga
Somente me lavra
Pois o sangue respinga
No peito um entrave
Que me põe derrotado
Mas no vôo da ave
Eu me sinto encontrado
No jeito faceiro
Vejo um beijo perdido
Só não me faz herdeiro
De um amor escondido
Num encontro de acaso
Toco tua face risonha
Sinto um leve arraso
Na minha alma tristonha
Mas sou feito de versos
E cultivo o amanhã
Se me tens nos inversos
Das minhas noites afãs
Sou homem sem rima
Na procura ideal
Sou lutador de esgrima
Por um beijo real
Num ramalhete de flores
Levo a saudade a ti
Recolhendo amores
E trazendo-os aqui
Teço uma palavra sublime
E a transformo num elo
Que em nós nos redime
Só num encontro singelo