Eis que me disponho tristemente entediada...

Eis que me disponho tristemente entediada

como se mais nada me trouxesse de volta em sonho

Eis que me afinco sem dores mortais

como se jamais pudesse rir do que já não sinto

Parto a meia noite sem lágrimas e sem sorrisos

queimando falsos paraísos em meu seio

Parto como se já não me faltasse enleio

que me fizesse transmigrar por uma estrada perdida

como se apenas a despedida me pudesse curar

Eis que me proponho enclausurada a uma velha fachada

de dores e desatinos em sorrisos clandestinos

que disparam disparates ao luar

Sinto a sombra da vaidade a mirar

minha face assombrada no vitral

Tento me disfarçar de menina malvada

como se pudesse esconder o mal de mim mesma

Já não posso ser assim

à meio começo da metade do fim

Já não me admito mais

sinto-me rival até mesmo de mim

e me desenrolo em desavir.

Tay Santos
Enviado por Tay Santos em 16/04/2012
Reeditado em 19/04/2012
Código do texto: T3615833