Desfecho em sombras
A pálida luz que me alumbra
o seu brilho já o perdeu;
nem sinto o calor de sua penumbra
quando minh'alma à noite já pendeu.
Que me envolva a marca obscura
e me digira a esperança resguardada,
não há razão de uma vida de loucura
com o amanhecer da alma quebrantada.
Alma derrotada na ilusão de vencer,
sonhos castigados pela lápide chorosa,
sufocados por poluída atmosfera do humano ser,
martirizado seu coração em vida impiedosa.
E ainda a verei em minha partida,
pousada à chuva acometida,
e chorarei eterna vida
por essa piaxão já falecida.
Em pranto, além do dia
por nunca havê-la amado,
no âmago a infinita sangria
de um coração frio e desprezado.
Esta dor será maior,
virgem em te amar,
me envenenando do corpo a noite sem dó
e da alma a dor de não estar.
Irei sozinho e acompanhado
por tantas mágoas que carrego.
Com um caminho, mas sem traçado,
vago pela ausência a que me entrego.