Clouds Still Lingering
Eu sou aquele pedaço de cocô de cachorro, amor
Que foi cagado na quina da guia
E oscila entre a queda na sarjeta
E a segurança de um pisão.
Eu sou aquele pedaço de papel de bala, amor
Que foi jogado do décimo quinto andar
E voa ao sabor do vento, rodopiando
Mas sempre em queda. Sempre.
Eu sou aquele campeão catalisador de inveja, amor
Vê aquela estante? Aquele móvel imóvel?
Há nele todos os trunfos que consegui;
Há nele todos os meus fracassos.
E você no centro.
O mais bonito
O mais árduo de conseguir
E o tão mais fácil de perder.
O mais paradoxal dos axiomas
O mais controverso dos contra-sensos
O mais odioso dos amores e vice-versa.
Eu sou essa lágrima que escorre pelas minhas têmporas
Amor, e que cai dentro do telefone pressionado à orelha
Eu sou todo esse desejo, amor, que um choque surja
E mande a um ossuário toda essa minh'alma/carcaça
Enchorumada, corrompida, conspurcada e suja.
16/04/2012 - 01h20m