Indefinível

O corpo feminino da poesia

É apenas imaginário

E ao toque refratário

A poesia não reconhece nas palmas das mãos

O apelo dos seios

Não vê sob o vestido

Um par de coxas

O corpo feminino da poesia é pura ambiguidade

Uma parte da outra tem saudade

O corpo da poesia no barro não foi soprado

Mas sopro é

E nem nos poetas habita

O corpo da poesia não será enterrado

Ele é o vento que sopra nas folhas dos arvoredos

Os segredos

O fogo que a terra incendeia e purifica

O corpo da poesia é quando o sol faz amanhecer o dia

E quando o abandona e engana a noite em agonia

Ele se esgueira entre as fendas da madrugada

Valsa sobre a Terra enluarada

E nada vê disto que nos embriaga e entontece

Um corpo sem anatomia

Nem o alcança o desdobrar da filosofia

Paz e guerra

Água e fogo

Em um só brinde funde castidade e heresia

O indefinível corpo da poesia

taniameneses
Enviado por taniameneses em 16/04/2012
Código do texto: T3615060
Classificação de conteúdo: seguro