OUTONAÇÃO

Cadê a minha linda dela nem sinal

Sumiu pelo varal

Chora gotas em tecidos de voal

Existo na corda vocal como canto de pardal

Sou alma peregrina

Sou teu sal minha menina

Faço parte de tua essência

Estou nas saliências do teu corpo

Tua busca é minha sina

Tudo na vida tem uma escolha

Até a terra faz sua esfoliação

Quando caem suas folhas

Diversão é o espocar das rolhas

Na verdade só temos uma escolha na vida

Respirar ou não...

As ninfas caçam

Os homens se estilhaçam

Vasta campina é esta vida

Pessoas se abraçam

Somem-se vivos da lida

E nos deixam como roupas no varal

Seu tamanho sua cor seus respingos

Vestidos de vento no molde

Lágrimas em espiral

Deixam-nos e caem no poço profundo

Corpos estranhos sem alardes

Em silencio profundo

Promulgados exilados que corrente estranha

Sem pós-maquiados

Envoltos em mistérios

Uma passagem de ossos

Um sacrifício dorme sem ofícios

Como prédios e edifícios sem gente

Sem viço

Deixam-nos pra trás

Sem mandarem nuvens de fumaça

Tudo baça

Tudo tonteia

Como cachaça

Cadê a cheia taça?

A bombacha

É assim a morte

Esta borracha

Que a tudo apaga?

Mata a arvore matando a praga...

Quando estamos velhos e experientes

Tira-nos o fardo nos tirando a carga

Puxa a descarga

Alguém sabe alguém viu quem subiu

E quem desceu do elevador Lacerda

Trinta minutos por segundo sua viagem seu percurso

Que vida de "mierda"...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 14/04/2012
Reeditado em 14/04/2012
Código do texto: T3612933
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