OUTONAÇÃO
Cadê a minha linda dela nem sinal
Sumiu pelo varal
Chora gotas em tecidos de voal
Existo na corda vocal como canto de pardal
Sou alma peregrina
Sou teu sal minha menina
Faço parte de tua essência
Estou nas saliências do teu corpo
Tua busca é minha sina
Tudo na vida tem uma escolha
Até a terra faz sua esfoliação
Quando caem suas folhas
Diversão é o espocar das rolhas
Na verdade só temos uma escolha na vida
Respirar ou não...
As ninfas caçam
Os homens se estilhaçam
Vasta campina é esta vida
Pessoas se abraçam
Somem-se vivos da lida
E nos deixam como roupas no varal
Seu tamanho sua cor seus respingos
Vestidos de vento no molde
Lágrimas em espiral
Deixam-nos e caem no poço profundo
Corpos estranhos sem alardes
Em silencio profundo
Promulgados exilados que corrente estranha
Sem pós-maquiados
Envoltos em mistérios
Uma passagem de ossos
Um sacrifício dorme sem ofícios
Como prédios e edifícios sem gente
Sem viço
Deixam-nos pra trás
Sem mandarem nuvens de fumaça
Tudo baça
Tudo tonteia
Como cachaça
Cadê a cheia taça?
A bombacha
É assim a morte
Esta borracha
Que a tudo apaga?
Mata a arvore matando a praga...
Quando estamos velhos e experientes
Tira-nos o fardo nos tirando a carga
Puxa a descarga
Alguém sabe alguém viu quem subiu
E quem desceu do elevador Lacerda
Trinta minutos por segundo sua viagem seu percurso
Que vida de "mierda"...