Noturno

Assimetrias de gotículas de orvalho

Despencam por sobre antigas paredes

Graves lágrimas de noturnas aves

Rolam sobre as janelas ressecadas

Sob as marquises

Rios pintam quadros surreais

Nas pálpebras da hora perdida

O vento assovia arrastando um galho

No meio fio

Se misturam no lodo verde

Restos de amores, ciscos, riscos, rabiscos

Matizes afundam cais nos abismos castanhos da noite

Trincam as portas

Ante a ondulação de um gato

Até que o amanhecer afie a língua nos bigodes

E beije a boca da cidade

taniameneses
Enviado por taniameneses em 14/04/2012
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