Noturno
Assimetrias de gotículas de orvalho
Despencam por sobre antigas paredes
Graves lágrimas de noturnas aves
Rolam sobre as janelas ressecadas
Sob as marquises
Rios pintam quadros surreais
Nas pálpebras da hora perdida
O vento assovia arrastando um galho
No meio fio
Se misturam no lodo verde
Restos de amores, ciscos, riscos, rabiscos
Matizes afundam cais nos abismos castanhos da noite
Trincam as portas
Ante a ondulação de um gato
Até que o amanhecer afie a língua nos bigodes
E beije a boca da cidade