VULTOS APRESSADOS

...

Figuras indistintas e de vidas urgentes

É o que se pode ver às cinco horas...

Levantei-me cedo pra ver minha razão

Que, pra mim, é motivo pra qualquer loucura!

Na verdade eu sairia às seis; resolvi que não!

Pois, se assim fosse, não a veria...

Tomei o rumo dos muros...

Num escuro de um descampado,

Nada mais vi, se não vultos apressados!

...

Lá estava um individualismo que, grosso modo,

Nada tem a ver com o egoísmo...

Mas sim, com a disciplina...

Com a pressa!

Passavam depressa...

Destinados à obrigação...

Soldados, serventes, sorveteiros, “sanduicheiros”...

Barulhando os pés no chão...

E eu, que deveria sair às seis,

Ali fiquei até às sete: plantado!

E não vi minha razão...

Que, certamente, transfigurou-se

Num daqueles vultos apressados!

Paulino Neves
Enviado por Paulino Neves em 13/04/2012
Reeditado em 13/04/2012
Código do texto: T3611081
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