VULTOS APRESSADOS
...
Figuras indistintas e de vidas urgentes
É o que se pode ver às cinco horas...
Levantei-me cedo pra ver minha razão
Que, pra mim, é motivo pra qualquer loucura!
Na verdade eu sairia às seis; resolvi que não!
Pois, se assim fosse, não a veria...
Tomei o rumo dos muros...
Num escuro de um descampado,
Nada mais vi, se não vultos apressados!
...
Lá estava um individualismo que, grosso modo,
Nada tem a ver com o egoísmo...
Mas sim, com a disciplina...
Com a pressa!
Passavam depressa...
Destinados à obrigação...
Soldados, serventes, sorveteiros, “sanduicheiros”...
Barulhando os pés no chão...
E eu, que deveria sair às seis,
Ali fiquei até às sete: plantado!
E não vi minha razão...
Que, certamente, transfigurou-se
Num daqueles vultos apressados!