A tela vazia
A tela vazia acusa,
agride a vida vadia.
E usa e abusa
de gritos calados,
um dia gritados
na voz que eu ouvia.
A tela vazia é mais um retrato,
desbotado, sem cor.
Sem calor (ou pavor).
É a falta de tudo, de fato.
Último ato de uma peça sem graça,
que ninguém quis olhar.
E o tempo (que passa)
se incumbiu de apagar.
Uma tela vazia, tremores na mão,
do silêncio que trago,
neste meu coração.