POEMA DO PÓ
É uma correnteza desvairada
A vida é uma sangria desatada
É eternidade que dura uma fração de segundo
Vira mundo
Vira peão
Vira cão
Vidro fume
Vibração
Fumacê
Onde ela se escondeu
Se não dentro de você
Passarada no infinito
Cardumes no amanhecer
Este abandono sacrílego
Esta árvore abandonada pelos desvãos dos periquitos
Que gargalham noutros galhos amanhecidos
Amarelados esquecidos rumam como folham vivas
Rodopiam pela vida como cascas de feridas
Sem pertenceram a nada por excrescência
Como bailarinos rodopiam
Brincando na roda da sobrevivência
Caminhando na cantiga
Nas pegadas da areia
Traçados disformes singrando a gravidade
Que aos poucos a água vai apagando
Ninguém sente falta de você
As lagrimas secarão
As pegadas somem e a vida nua
Segue seu curso contínuo
Há movimentos na rua
Na cama geminadas almas gemendo seminuas
Carnes expostas churrascos de fim de semana
Planos expostos alguns pela metade se inflamam
À tarde o sol vai deixando cálidos presságios
Cor de rosa choque e a noite com suas cantilenas
A saudade em sua fugidia catarse
Morre na sua ilusão de ao inexistente agarrar-se
E tudo pulsa e vive como se nada passasse...
No país das maravilhas
Nesse disse me disse conhecemos
Tanta Maria(s) e tanta Alice(s) fazendo tolice
E assim vamos andando como se nada sumisse...