POEMA DO PÓ

É uma correnteza desvairada

A vida é uma sangria desatada

É eternidade que dura uma fração de segundo

Vira mundo

Vira peão

Vira cão

Vidro fume

Vibração

Fumacê

Onde ela se escondeu

Se não dentro de você

Passarada no infinito

Cardumes no amanhecer

Este abandono sacrílego

Esta árvore abandonada pelos desvãos dos periquitos

Que gargalham noutros galhos amanhecidos

Amarelados esquecidos rumam como folham vivas

Rodopiam pela vida como cascas de feridas

Sem pertenceram a nada por excrescência

Como bailarinos rodopiam

Brincando na roda da sobrevivência

Caminhando na cantiga

Nas pegadas da areia

Traçados disformes singrando a gravidade

Que aos poucos a água vai apagando

Ninguém sente falta de você

As lagrimas secarão

As pegadas somem e a vida nua

Segue seu curso contínuo

Há movimentos na rua

Na cama geminadas almas gemendo seminuas

Carnes expostas churrascos de fim de semana

Planos expostos alguns pela metade se inflamam

À tarde o sol vai deixando cálidos presságios

Cor de rosa choque e a noite com suas cantilenas

A saudade em sua fugidia catarse

Morre na sua ilusão de ao inexistente agarrar-se

E tudo pulsa e vive como se nada passasse...

No país das maravilhas

Nesse disse me disse conhecemos

Tanta Maria(s) e tanta Alice(s) fazendo tolice

E assim vamos andando como se nada sumisse...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 12/04/2012
Código do texto: T3609202
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