Sob o Sol

Um sorriso fraco embutido no rosto

de rugas certas perto dos olhos

quase imóveis, abatidos de gosto.

Andar arrastado e a vestidura não escolhida,

cabelo despenteado

e marcas na pele sofrida.

Um pé no estribo da morte, outro buscando sapato,

as mãos suadas do corte,

da ceifa, da faca gritando no mato.

Um sol inclemente insiste na sobrevivência

e na paciência incrível

de tê-lo ainda vivo, mas imprevisível.

Cai a cana carregada no ombro,

despeja num canto e se vai pensamento

franzindo o cenho.

Todo o seu tempo, a lira da juventude,

amiúde

é moído na roda do engenho.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 11/04/2012
Código do texto: T3606557
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