Color Block
As vezes me convenço do pior
Mas desisto logo em seguida
Muito além, tenho a acrescentar
Algo excede o frio da barriga
As dores que trago
infinitas e ocultas
Sussurram ao ouvido
as glorias das lutas
O pouco legado
a alma enobrece
Um simples recado
mas me favorece
As vezes eu não pertenço a nada
mas sinto-me sempre intensa
Sem gotas de solidão amarga
cheia do sabor da minha essência
As vezes me sinto fria
sem calor que me convença
trato do vazio com cautela
algo a ver com paciência
O mundo não trago
em rolos de fumo
O eco é tóxico
a verdade é o rumo
As vezes me sinto autêntica
além da visão cabível e imaginável
mas sou eu, somente indivíduo
Puro criado, corrompido descartável
As vezes me sinto ínfima
mas desisto de ter pena de mim
quando fraca, oprimida e subjugada
quando forte, apascento o meu fim
Tem vez que me convenço do pior
mas desisto facilmente de esperá-lo
algo a ver com crer em algo
tanto, a ponto de prová-lo
Detesto o óbvio
é simples e pálido
Sou color block
de futuro inusitado
Não deixarei flores em lugar nenhum
murchas figuram morte lenta à míngua
as palavras persistem no vácuo da mente
Vigor umidecido pela ponta da língua
As dores do mundo
não levarei comigo
deixei-as no fundo.
Sarada prossigo