O sofrimento da pátria
O mar finge voar sobre o céu,
Enquanto os homens fingem navegar,
Mas por que tanta mentira, qual véu
Negro de mulher branca à face a resguardar...
Mas que tiro será esse que os homens mandam
Para o peito da prostituta? Será seu leito presto
Feito nas armadilhas do poder?
Mas que festa será essa, que dançam
Os seus filhos, que afoitos gritam prontos
Para morrer com a mãe sem ceder...
Mas por que tanta desgraça, tanta tristeza?
Quem fez a adaga que se crava feia no seio ao luar?
Que vampiro indefeso faz-se vítima preso a se resguardar?
Será esquecer-se desta prostituta maior vileza,
Ou matá-la por a usar?
Sim, sou náufrago deste brigue amaldiçoado a navegar...
Mas por que não há filho que proteja esta mãe tão vil,
Pois se vende ao seu assassino, sem lembrar da cria,
Mas pensando nela sobe e desce qual musa do poeta,
Que vive e desperta neste mundo que não se previu
O futuro desta raça, que este poema recria
Tão misericordioso quanto um profeta...
Sim, sim! Enlouquecem os seus poetas,
Pois não há mais o que escrever!
Quão imundo é este cenário de amantes a morrer...
Mas quem será mais infame? O profeta
Dessa puta a se afogar e entrever
O seu filho nascer na sua hora de morrer...