COLINAS

Conheço as colinas

Sou próximo dos arbustos que a cobrem

Intimo da relava que se espalha imperturbável por ela

Sou conhecido destes vales

Onde a luz matinal brinca de fazer calidoscópios nas gotas de orvalho

Entendo-me com as flores

São minhas amigas as pequeninas e cheirosas flores sem nome que dançam na brisa

São aliadas irremovíveis as rochas que apontam aqui e ali como ossos cinzentos na terra

Deleito-me com os confortos insuspeitos que só eu encontro na paisagem selvagem

Faço pactos não ditos não oficializados com os insetos da mata e os pássaros das arvores

Já travei conhecimento com um esquilo

Lacônico bichinho que me observou a distancia desconfiado

Nos olhos dele transpareceram memórias de antigas perseguições humanas?

Talvez de pedradas?

Não sei

Mas conheço

Conheço bem as colinas

Eu poderia morrer nas colinas

Onde a natureza ainda e ela mesma

Aonde a maquinaria do homem ainda não chegou

Onde sou eu em estado primitivo de selvagem

Tão selvagem quanto um homem urbano de jeans pode ser

Eu visito as colinas

Eu me deixo estar nelas

Enquanto aqui elas estiverem intocadas eu virei

Enquanto existirem

O que hoje em dia neste mundo de progresso insensível...

Pode ser muito breve.