A vida é muito boa
Seu Juarez da venda
abre cedo.
Uma fila em busca de pão
Que está o olho da cara!
o sol já espirra
seus fios de cobre na serra
Minha avó desce ao rio
De roupa suja na bacia
Pobrezinha!
Paga-se tão pouco...
E ao redor dessa vida
Um laranja ralo seco
Faz do sonho uma cerca
Tão real quanto invisível
Quando voltar
Lá pelas quatro horas da tarde
Seu estômago de mãos espalmadas
Já sente
O gosto amargo da noite
Seus olhos pequenos
Reflete crianças
Brincando de bola.
E pensa:
A vida é muito boa!