Amanhecer de outono
Esther Ribeiro Gomes
Amanhece no outono...
Silêncio, não dê um pio!
Dorme a minha ruazinha
para se esquecer do frio...
E nos galhos da amoreira,
ainda dormem quietinhos,
pequeninos passarinhos...
Repousa a dama-da-noite,
depois de perfumar a madrugada...
Enfrentou o vento frio feito açoite
e agora dorme, sossegada...
Dormem as flores orvalhadas,
a esperar o beijo do sol,
que se espreguiça em sua morada,
bem depois do arrebol!
Adormeci e sonhei,
com a doce felicidade,
pois a velha lição decorei:
depois da forte tempestade,
na longa e dura caminhada,
ninguém segura a alvorada!