VIVA O MORTO VIVA O VIVO

A vida assim é produzida

Numa dinâmica absurda

Sentimentos absortos:

Pra uns, estamos vivos,

À maioria, estamos mortos...

Podemos dizer, morto-vivo,

Vivo morto num viver furtivo!

Sonoridade daquela bem surda,

Numa mudez que se escuta

E na nudez faz-se turva.

Na curva do nosso anseio...

Meio caminho, estrada a meio,

Canteiro de flores e enleios

É como tapa de luva,

Enquanto o destino retruca!

Caminhemos à estrada, na chuva...

A que refresquem nossas frontes e cucas

À vida seguir bruta e a pescar trutas,

Lambuzar com trufas e frutas, misturadas,

Às moquecas e feijoadas...

À Chuva e à lama remexidas

Numa imensa enxurrada...

Mas, o povo teme a chuva...

E por isso, ela não vem

Com medo do próprio povo.

E a seca não se contem

De infernizar com esse logro

No medo que o povo tem...

Não vai lutar de novo

por um momento renovado,

Posto que, esse mesmo povo

É do “Manda-Chuva”, prisioneiro

e refém de meros guarda-chuvas...

Então segue marchando e cantando:

“Marcha soldado, cabeça de vintém,

Se não marchar direito, vai direto pro além!...”

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 10/04/2012
Reeditado em 10/04/2012
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