VIVA O MORTO VIVA O VIVO
A vida assim é produzida
Numa dinâmica absurda
Sentimentos absortos:
Pra uns, estamos vivos,
À maioria, estamos mortos...
Podemos dizer, morto-vivo,
Vivo morto num viver furtivo!
Sonoridade daquela bem surda,
Numa mudez que se escuta
E na nudez faz-se turva.
Na curva do nosso anseio...
Meio caminho, estrada a meio,
Canteiro de flores e enleios
É como tapa de luva,
Enquanto o destino retruca!
Caminhemos à estrada, na chuva...
A que refresquem nossas frontes e cucas
À vida seguir bruta e a pescar trutas,
Lambuzar com trufas e frutas, misturadas,
Às moquecas e feijoadas...
À Chuva e à lama remexidas
Numa imensa enxurrada...
Mas, o povo teme a chuva...
E por isso, ela não vem
Com medo do próprio povo.
E a seca não se contem
De infernizar com esse logro
No medo que o povo tem...
Não vai lutar de novo
por um momento renovado,
Posto que, esse mesmo povo
É do “Manda-Chuva”, prisioneiro
e refém de meros guarda-chuvas...
Então segue marchando e cantando:
“Marcha soldado, cabeça de vintém,
Se não marchar direito, vai direto pro além!...”