Felicidade Frequente
É preciso fazer um poema sobre a Bahia...
E eu estou aqui...
A manhã se abre num dia de sábado na Bahia...
Da sacada, vejo um homem de roupa branca lendo o seu jornal.
Ele está recostado numa poltrona e seus pés descansam num banco à sua frente.
A mulher, com a sacola da feira, anda apressada...
E a outra faz Cooper...
Elas param e conversam...
O zelador faz malabarismos
E, de repente, o piso se enche de branco...
Queria ser criança na Bahia para sair deslizando pelas espumas que se formam
Ao seu redor...
Os namorados andam lentamente trajados de mar...
A praia os espera.
Lembro-me da Barra
Da visão do Paraíso
Onde meu espírito pede passagem...
Queria ser adolescente na Bahia e sonhar trajada de areia...
A mulher de roupa florida e bolsa elegante sobe as escadas
Crianças se divertem
Algumas casas, muitos carros, muitos prédios...
Muito branco e amarelo
Muito cheiro
Muito som
Lembro-me dum sábado passado
Negros e Batuques
Estrangeiros no Pelô
Extasiados como eu
Estrangeira brasileira
Quero ser cidadã baiana!
Lembro-me do museu
Das igrejas, do teatro
Da livraria...
Lugares onde abasteço minha alma...
Tributo a Jorge Amado
Ariano Suassuna à paisana
Quem diria?
Nunca estive em João Pessoa
Mas já morei no Recife.
Eram tantos sonhos...
Que prazer!
Olho para dentro
São tantas preocupações sulinas...
(Elas teimaram em vir na bagagem)
O telefone toca: hora do almoço.
Não é hora de alimentar o corpo.
Estou na Bahia
E tudo o mais pode esperar...
A vida acontece lá fora.
Convido meu amor
E vestimos nossa roupa amarela.
Vamos viver a Bahia...
_ Agora, com licença,
Eu vou ser feliz e já volto!
(Adriana Luz)