À margem

caminho, olhos dados à lua,

sobre o chão de outono

de uma estrada escura

escura

e vazia

minhas mãos me seguem

porque presas estão

não me dariam os dedos

se de mim pudessem se distrair

fugir, esquecer

como fizeram tantos

como fez meu cão

que não me confia seu rumo

e me troca pela certeza das flores

pela trilha do verde

de além desta estrada vazia

escura

e exausta de mim

o mundo não quer

eu sei

não pode seguir os passos bêbados de um dono de ninguém

Capiau da roça
Enviado por Capiau da roça em 09/04/2012
Reeditado em 09/04/2012
Código do texto: T3603008