O Verso Domesticado
É preciso domesticar a palavra inquieta
que o meu verso cavalga, já herdeiro
das futuras horas em que o poeta
fingirá morar numa ilusão da qual será prisioneiro...
Assim os versos poderão voar, cantando a esmo,
um poema de amor de inalienável roteiro,
mas que é perdido em si mesmo.
mas que é perdido em si mesmo.
É preciso domesticar a palavra que nasce
das mãos do verso, ameaçando contar, inconfidente,
que, no silêncio dos meus olhos sobre essa face,
cresce um desejo por quem até hoje me foi ausente...
Domesticado, calado de qualquer imagem apaixonante,
sai o poema, mas o poeta teme que ela o leia silente
de emoção, só com olhos de leitora diletante...
sai o poema, mas o poeta teme que ela o leia silente
de emoção, só com olhos de leitora diletante...