MARCAS DO TEMPO

Hoje perdi um dia.
(Os dias que se perde são irrecuperáveis).
No dia de hoje permaneci afundado
na mediocridade de um simplório não ser.
Nada fui.
Nem sofrer, sofri.

Ausência, buraco negro.
Nem prótons, nem elétrons,
nem saudades.

Vazio
(que é a soma de todas as perdas),
fui incapaz de reconhecer a estrela
da única referência permitida ao coração.

Louco
(que é a soma de todas as ausências),
não percebi os afetos projetados
além da memória do meu último refúgio.

Hoje perdi um dia.

Imagino que ele ande por aí,
de mãos dadas com minha alma
numa dimensão qualquer na busca
de encontros, chegadas, abraços, ternuras...

Como não há perdas sem ganhos,
hoje ganhei um dia.

Pois afinal compreendi que meu tempo vivido
é bem menor do que as marcas deixadas
por ele no meu corpo.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 08/04/2012
Reeditado em 25/07/2014
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