FILHO DO ESPARTILHO

O mundo imundo inunda o fundo do abismo da alma

Resseca e seca a face no enlace e no toque da palma

Que me salva da ressalva de um verso que acalma

E me dissolve e resolve a minha fúria de calma.

É espesso o preço que pago na labuta inflacionária

De pintar a pintura numa pincelada reacionária

Informando a forma e a fórmula da vida diária

Sem desejar o bélico na conduta revolucionária.

No entorno do contorno acrescento um toque de fel

Analiso e realizo o pedido que me levará para o céu

Encomendando o desmando na aba profícua do léu

Para sentir-me livre onde nunca estive como coronel.

Encomendei um navio na chama acesa do pavio curto

E transformei a palavra na larva quente de um circuito

No intuito fortuito de ser menino sem algum furto

E levar embora a hora cega antes do meu surto.

Ainda nado no vão do nada mergulhando nas matrizes

Alterando os alteres que pesam na casca das raízes

Ferindo as férias prolongadas dos nossos juízes

E distribuindo um atributo em crianças felizes.

Seria sério se não fosse tudo isso a mais pura verdade

Mas no meio do seio real faço um espaço de saudade

E conduzo o uso inexplorado para o fim da insanidade

Distribuindo um amor em pétala de flor de humanidade.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 27/01/2007
Reeditado em 06/02/2007
Código do texto: T360146