País de iletrados


Essa canção é pra você, pessoa física,
que ainda que não assine com o polegar,
deixou de querer entender os significados.
É pra você que aplaude por do sol
e palhaços semi-alfabetizados.
É pra você que acha que crescer na vida,
é engravidar de algum jogador aparvalhado.
Pra você que elege a burrice como filosofia,
e condena  o pensamento ao anonimato.
É pra você que cultiva a preguiça,
achando que o livro se resume ao prefácio.
Pra você que perde mais tempo tentando se vender,
do que criando valor para o mercado.
É pra você que tatua um ideograma na nuca,
sem ao certo entender seu próprio idioma.
É pra você que confunde estupidêz humana
com profundidade e pensamento de vanguarda.

Você que entende o mundo por uma vitrine,
é mais uma mercadoria na manobra do estado.
Que veste uma camiseta para protestar sentando
em frente a uma televisão ou dentro de um estádio.
Você samba o ano inteiro, e tem samba até no rabo.
Enquanto outros mais espertos e matreiros,
usam seu traseiro como pandeiro e atabaque.
Você reza pra Deus, e para um carro importado.
Se um falha o outro alivia suas dores da alma.
Se você vai pro céu? Bem...há quem possa ser subornado.
Você acha que conhecimento é produto elitizado.
Por isso elege analfabetos para não precisar ser educado.
Acha que mora numa tribo do futuro? Está certo.
Trocaram nossas cavernas por favelas e carros blindados.
Você quer saúde, educação e vale-vagabundagem.
Quer ter direitos e colocar corruptos na cadeia.
Mas daria a vida por uma semana de feriado,
entrando em coma de tanto tomar cerveja.

Essa é pra você, cidadão cretino e revoltado.
Que acha que Che e Jim Morrissom são a mesma pessoa....
Em breve, estaremos de volta ao começo.....
dependurados em árvores, emitindo grunhidos,
por termos esquecido o que se aprendeu no passado.
Em breve realizaremos nossos sonhos...
viveremos no primeiro mundo, na Europa e na América.
Só que dentro de uma jaula, num zoológico,
provando a todos, e contrariando Darwin,
pois seremos a "involução" da espécie.






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Esse poema foi inspirado num texto que li aqui no Recanto de autoria de Ullisses Salles. Creio que é um texto bastante oportuno.
Link: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3597031



EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 06/04/2012
Reeditado em 06/04/2012
Código do texto: T3597680
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