Com ou sem devoção?
Louvando a Maria, com vela na mão
Crença e tradição, lá vai a procissão
Um andor, com fé, desfia um rosário
Cabeça e alma vestem o escapulário
O padre cansado, apagando pecado
Girava o turíbulo, incenso queimado
Em contraste de fé, também aspergia
Molhava em batismo, todas liturgias
Estar ali presente, não era ser crente
Velho padeiro, um convicto aparente
Olimpíada da fé, ostentava uma tocha
A cabeça só pensava no jogo da bocha
O coroínha, com roupa igual a batina
Na Salve Rainha, chamava a menina
A chama por ela revelava de antemão
Não seria padre, nem mesmo sacristão
Quantas surdez, não ouvia as homilias
Será que havia, um atento por família?
Futebol a tarde, ou um final de novela
Ia na mente, dos portadores de vela
A tradição enchia todo ano a avenida
Abençoando cada uma daquelas vidas
Ordenados em andanças dois a dois
O disperso, deixava para rezar depois