Confuso
É como se ela voasse...
Juro, é como se ela saltasse
das mãos que ainda estão trêmulas,
é como se a memória
adquirisse formas
que eu desconheço
e me causam medo
por não saber distingui-las
Conto meus passos
no corredor do prédio,
suspiro a cada sombra
que me olha com desinteresse.
Me envergonho, pois a linguagem que uso
parece àquela usada pelos poetas simbolistas,
ainda que não seja minha intenção
descrever assim a dor que sinto.
Mas é como se saltasse fora,
palavras, metáforas, versos...
Vãs repetições que se encadeiam
caoticamente numa espiral de desejos reprimidos.
Sinto-me confuso... sei que é horrível sentir-se confuso,
sei o quão terrível pode ser o enganar-se,
mas é como me saltam as coisas.
Montezuma bem poderia ter se sentido assim
quando a espada de Cortez apunhalou seu império;
É difícil chorar numa nevasca, diria Napoleão...
mas no demais, talvez rir fosse o melhor remédio.
Que faço eu se, mesmo rindo, choro?
Este, com certeza, é mais um poema ruim.