A felicidade se fez moça, se fez menina, se fez mulher.

Ás vezes nos sentimos numa rua escura,

onde cada passo só traz dor e cansaço,

onde cada flor que quisermos ver já foi arrancada antes.

Às vezes nos sentimos mais que mortos,

onde tudo fica sem sabor, sem cheiro, sem cor, sem destino,

onde não tem razão alguma pra abrirmos os olhos quando o sono some.

Às vezes só temos ao redor feras insanas, traíras,

o nosso travesseiro parece podre, pulguento, nojento,

quando olhamos no espelho temos vontade de nos decapitar.

Às vezes a nossa voz fica enferrujada, manca, foragida,

o olhar parece escarrado, desafinado, destronado,

parece que nunca fizemos parte deste chão, nem nunca faremos.

Um dia, por certo, tudo isso fez parte do nosso roteiro,

da nossa sina, dos elos que nos prendem à vida.

Mas, sabe lá Deus como, tudo se fartou de si mesmo e renasceu diferente.

Tudo se refez alma, como se dissesse "desculpe, vou tentar de novo...".

E então o que estava endereçado para a dor, se enlaçou no bojo da luz. E sorriu, como sorriu.

Então a felicidade se fez menina, se fez moça, se fez mulher.

E nunca mais saiu da gente.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 04/04/2012
Reeditado em 04/04/2012
Código do texto: T3594070
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