Aquarela

Na gaiola, o canário,

pendurada na parede

era o cenário.

O pássaro disputava,

com a plumagem,

aquilo que a muralha

lhe tinha em comum:

o amarelo.

Ora

um era creme

o outro manteiga,

um o ouro,

o outro a manga.

Dependia do brilho do sol.

O canário de tanto cantar

morreu de canarice.

A parede, cansada de ficar em pé,

desfaleceu de verticalice.

Suas existências não foram em vão.

O canto se multiplicou

na liberdade dos que passarinham

em bando parecendo gemas vivas.

A parede cedeu tijolos

para outras construções.

O amarelo duplicou-se

em outros matizes

e outras cores surgiram.

A paisagem aparece como aquarela

onde Deus e a Humanidade

expressam suas intersecções.

Artistas –

Deuses humanos

Homens divinos.

L.L. Bcena, abril/2011.

POEMA 564 – CADERNO: PRANCHA DE SURFISTA.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 04/04/2012
Reeditado em 22/10/2012
Código do texto: T3593948
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