Aquarela
Na gaiola, o canário,
pendurada na parede
era o cenário.
O pássaro disputava,
com a plumagem,
aquilo que a muralha
lhe tinha em comum:
o amarelo.
Ora
um era creme
o outro manteiga,
um o ouro,
o outro a manga.
Dependia do brilho do sol.
O canário de tanto cantar
morreu de canarice.
A parede, cansada de ficar em pé,
desfaleceu de verticalice.
Suas existências não foram em vão.
O canto se multiplicou
na liberdade dos que passarinham
em bando parecendo gemas vivas.
A parede cedeu tijolos
para outras construções.
O amarelo duplicou-se
em outros matizes
e outras cores surgiram.
A paisagem aparece como aquarela
onde Deus e a Humanidade
expressam suas intersecções.
Artistas –
Deuses humanos
Homens divinos.
L.L. Bcena, abril/2011.
POEMA 564 – CADERNO: PRANCHA DE SURFISTA.