É como se ela voasse
é como se ela voasse.
Sem dúvida, é como se ela voasse...
mas como pode alguém voar
tendo os pés ainda no chão?
Como pode levitar mesmo sem se levantar?
Mas, meu Deus, é como se ela voasse.
Ela carrega uma tal leveza,
um tal feitio na dança
que é como se seu corpo se desmembrasse
em mil pedaços esparsos, lançados, doados.
É como se num único lapso
todos os nervos do braço, do baço, do corpo, da mente
se desfizessem do chão e... voassem.
Voassem, não sei se livres ou presos à dança
que ela conduz no torno, no dorso de sua sintura, quadris e coxas.
Enfim, é inútil descrever.
É como se ela voasse e nada mais.