Seca
nos olhos que se alongam
um mergulho no oco do peito
mãos a remexer terra batida
tão fundo o fim dos sonhos
não há fios entre os labirintos
não há lágrimas no frio poço...
acre, ocre, gosto e manchas
chagas, sugam o céu da boca
amargas máculas, coágulos
arfam os seios, as veias
triturada a carne, seca e sede
pó, ossos, nós, pés e desejos...
nem restos, nem pétalas
faminta a água no espelho,
engole dos olhos, estrelas...