6° ANDAR
6° ANDAR
6° andar olho e não vejo nada
Alias vejo a intimidade
Da família devassada
Em mais um prédio da cidade
Não consigo mais ver a rua
Não vejo mais o brilho da lua
Estou cercado de arranha-céus
Como se formassem um escuro véu
É o preço do crescimento
Que provoca o adensamento
E aos poucos elimina
A visão além da cortina
Em compensação
Tenho o planeta em minha mão
Vou a qualquer parte do mundo
Em questão de segundos
Nunca o longe foi tão perto
Jamais o perto foi tão distante
Só não consigo saber ao certo
Onde estou a cada instante
Posso estar aqui ou lá
Quem sabe até acolá
Mas somente na tela
Onde a visão virtual não me parece tão bela