6° ANDAR

6° ANDAR

6° andar olho e não vejo nada

Alias vejo a intimidade

Da família devassada

Em mais um prédio da cidade

Não consigo mais ver a rua

Não vejo mais o brilho da lua

Estou cercado de arranha-céus

Como se formassem um escuro véu

É o preço do crescimento

Que provoca o adensamento

E aos poucos elimina

A visão além da cortina

Em compensação

Tenho o planeta em minha mão

Vou a qualquer parte do mundo

Em questão de segundos

Nunca o longe foi tão perto

Jamais o perto foi tão distante

Só não consigo saber ao certo

Onde estou a cada instante

Posso estar aqui ou lá

Quem sabe até acolá

Mas somente na tela

Onde a visão virtual não me parece tão bela

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 02/04/2012
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