Oferenda
I
Vivo de viver
Cada verso que são meus dias,
Que a noite nascer
Prematuro como poesias de bar.
Levo-a e velo em rabiscos,
Traços, letras e formas,
Que expostas fuxicas,
Tudo o mais é nada. Normas.
Esboço um infinito orgulho
De juventude leve, leve, leve,
Cuja euforia é mergulho,
Irreal em mar breve,breve,breve.
Vivo! Em canto
Sinfônico sem regente,
Atravesso vidas e tanto,
Como gravidez de filha inocente.
Me espelho em pessoas
Módulos de vidas assim,
Tristes, felizes, a toa.
E canto um canto sem fim.
II
Até que chegue as manhãs
Trazendo aquela vida de sempre
Exposta numa bandeja.
Até que chegue oferecendo
Aquela vida de ventre
Fecundo num versejo:
Todas as manhãs,
Tenho histórias a contar.
Hoje, já não há
Histórias a contar,
Há histórias a viver
Migalhas de mim, de tu, de vós,
E todas, a todos uma oferenda