[porque não sossegam os sonhos]
Apresentando O Transversal
“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”
La Folie, dos irmãos Marx...
…
das sandálias do pescador que caminha
na direção da mãe da lua,
levanta-se o areal que luze
como pirilampos pela noite,
significados que se querem, sem o sentir dos passos
cadenciados, silenciosos.
…
Dos silêncios que a noite carrega,
sento-me nas rochas batidas pelas ondas,
recolhendo-me das claridades com que o dia
me cobriu, penso infinitas viagens, mais além,
ainda mais além,
como que um sem fim desencantado pelos véus
de uma bailarina indiana.
Sinto os meus passos como trovões ecoando
por entre as enormes ondas cobertas da espuma,
que me envolvem, penso nas montanhas
a que um dia chamaram das neves perpetuas,
e das avalanches,
sinto o céu que não transporta sombras
rodopiando segredos, murmurios, ou simples
passagens, rápidas as passagens, ouço o violino
arrepiando o corpo,
porque não sossegam os sonhos,
porque se seguem perguntas sem regressos[?]
saturo-me.
Relembro-me,
não me reconstruo, nem renasço ali,
no meio do areal que luze como pirilampos pela noite,
quando as sandálias do pescador se arrastam
puxando as redes rasgadas pelas rochas adormecidas no fundo do mar,
fito-me nas imensidões que desconheço.
[Leva-me contigo até onde podemos andar descalços como quando crianças e não me prometas um adeus sem fim, leva-me],
contigo.