A flor do tempo fenece
Perde a pétala de mais um momento
E tudo que perde simplesmente esquece
Padece desse passar ir sem nunca voltar
E as primaveras que ainda não vieram
Dançam com outros outonos que hão de vir
Num além muito além do tempo sem porvir
E no olhar que se aquieta por um instante
Repousam retidos todas as manhãs sonhadas
E todas as tardes ainda não vividas
E tudo segue entre um amanhecer e um entardecer
E tudo o que é vida tem de ser num anoitecer
 
E sei que vivi por haver tanta vida nesse viver
Mais viver que podia, mas viver do que queria
Muito mais do que eu sabia que era viver
 
Vivi demais, mais do que percebi
E quase não senti a flor do tempo fenecer
Em mais essa pétala que se perdia, caía
 
Viver é ver essa flor morrer
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 01/04/2012
Reeditado em 11/05/2021
Código do texto: T3588076
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