Caronte, fantasma das óperas

Uma taça de vinho compartilhada

e se segue uma viagem guiada

para o submundo de mim.

Uma ópera cantada a dois,

que são um,

e o fantasma desta ópera,

guia-me para dentro.

Ah, o que há dentro de mim?

Podridão! Podridão! Podridão?!

Esterco é a nutrição das flores!

Sonhos mortos, sustentam novos!

Cante, enquanto apodrece,

corpo, ainda não-morto!

Nele, crescerá a rosa...

Cante, vida no submundo!

Cante e embriague ao barqueiro,

tinja o rio de vermelho-vinho,

floresça videiras nos infernos,

por sobre a nau.

Cante, que o vendaval levará

o canto a todos os recantos,

por sobre os sonhos assassinados,

apodrecidos, renascidos enfim!

Canto e por Eco,

ouço Perséfone a me acompanhar.

O barqueiro embriagado,

ri em êxtase.

Regeneração! Brinda ele com o vento.

Cante! Cante!

Traga êxtase para esta escuridão!

Grita, cada vez mais alto,

enquanto leva a barca,

cada vez mais fundo,

no submundo de mim.

Nota: escrito vendo cenas do filme "O Fantasma da Opera" e a música de mesmo nome. Não consegui deixar de associá-lo a Caronte, ao levar Cristine ao submundo da Opera numa gôndola. Depois, me perdi do vídeo e criei o meu próprio "vídeo mental", com o qual escrevi este pequeno poema em homenagem a essa obra-prima da Opera, do cinema e do teatro.

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 31/03/2012
Reeditado em 18/06/2014
Código do texto: T3587157
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