Meu poema
Orgulho meu esse de ter
Em mim o sangue das três raças
Correndo sem saber por quê
Alheio ao mais que tudo passa
Flui como quem não sabe que
Alenta um corpo de alma e graça
No pulso meu ligeiro corre
O sangue já que em mim brotou
De além do mar que tem na costa
Que o próprio Deus abençoou
Onde a esperança nunca morre
E o povo negro se encantou
Do sangue branco herdei o Viço
Que é muito forte no europeu
E o tom cruzado de mestiço
Pintou-me a pele e me fez eu
No lado oposto ao rebuliço
Do mar que um dia fora seu
Dos meus que aqui sempre estiveram
Desde o princípio a muito haver
Ficou-me o gosto pela terra
O jeito nobre de viver
Mesmo arrancados em procela
Do que lhes era compreender
A terra é um dom que me faz vivo
E do seu pó logo aprendi
O orgulho meu de ser nativo
E ser feliz onde nasci
Eleito a um lindo paraíso
Que o próprio Deus fez para mim...