O outro lado.
Passada a guerra em meu íntimo
Deixei cair a lingerie, tirei a máscara,
Olhei no espelho, marcas do que fizemos.
Seus dedos longos em meus braços,
Nas coxas, desenhos de suas mãos,
Nos ombros o formato de seus dentes,
E na carne a tatuagem de um ato vazio.
Sedutoramente deixei que um riso descontente,
Alertasse sua visão para o fim de um (quase) amor.
Peneirei o anonimato dos beijos,
E dos carinhos que eu julguei verdadeiros
Nem ao menos senti o calor de uma paixão.
O mundo que em nós e de nós existia
Pariu a desesperança e meus olhos
Profetizaram o lamento da despedida.
Como o caos eu me principiei,
Nova mulher a erotizar o prazer
Sem rédeas, sem dono, sem destino,
Com tempo para reinventar no corpo
O que a vida ensina todos os dias:
A leveza da liberdade.
Eliane Alcântara.