CINCO VOZES

Eu vi uma luz azul que oscila sempre

Vi o negror sem fim e sem pensamentos

Distendi ao Maximo os músculos etéreos do meu ego

Busquei a soma de todas as somas na matemática trágica da vida

Aprendi a dividir

A esperar o céu descer

Eu quis fugir buscando territórios distantes

Implorei companhia a velhas estatuas esquecidas

Terei chorado?

Louvei a deuses obscuros em altares mortos

Velhos senhores que o tempo carregou consigo

Nenhum deles respondeu

Lancei meus lamentos aos quatro ventos do mundo

O vento sul os carregou pelas terras frias

O vento norte os arrastou pelas areias escaldantes

O vento leste os dispersou pelas florestas ainda insondáveis

O vento oeste os entregou as montanhas secularmente velhas

Nenhuma palavra minha encontrou eco ou resposta

Perguntei-me... será este o meu destino?

Condenado a um silencio onde as respostas esvoaçam irrequietas e não se deixam capturar?

Segui desorientado as corredeiras da minha mente

Recebi visitas

GINSBERG veio e me disse que poetas são loucos

SOLOMON gritou pra mim que “acidentes” acontecem

KEROUAC contou historias intermináveis

BURROUGS discursou sobre sentidos sem sentidos

BUKOWSKI me inundou de crônicas sujas

Eles partiram depois

Mas jamais se foram de todo

Como arvores gigantescas que deixam sementes em solo fértil

Algo dali germinou

Eu segui equilibrado na navalha mental do meu cérebro

Tão incerto e louco quanto correto e cônscio

Ouvi bailados em meus cadernos

Perdia a mente que me fugia na tinta da caneta

Dancei com a escrita

Cortejei os versos

Fui correspondido

Não fugi

Não mais

Construo pontes com poesia louca

Caminhos que me tiram da realidade opressora

Fujo do mundo quando quero

Deslizo macio no céu de poemas

Meu coração sofre

Meu coração sangra

Minha alma chora

Minha alma grita

Desespera

Se alegra

Mas a dor não se foi à dor não acaba

Aprendi a expulsa La a alivia La

Agora quando meu mundo encolhe

Quando me dói o peito

Quando a sombra vem

Quando a lagrima se avizinha irritante e decidida

Eu não me abandono

O que faço... Crio poemas.