Cidade

Um ventre estriado de tão prenhe

treme, gemendo se parte.

A terra páre antenas, caixas d’água.

Prédios despontam do lodo, sobem

ao teto do mundo.

E logo, tudo aquilo que se faz chão:

calçadas, ruas, poças, praças.

Das fendas do concreto brotam sedentas

as coisas monossilábicas e atentas:

pombas e ratos, traças e traças.

E tudo, na ponta dos pés,

agüarda.

***

Lavinia Saad

http://www.palavrogramas.blogspot.com