Vigilante diuno

Cotidiano

E tudo se passa em um dia só,

Como se toda uma história

Fosse composta

Pela breve-vida

Que o momento tem.

Tony Bahia

Vigilante diurno

Nem imagino a que horas ele acorda

Mas com certeza ainda está escuro.

Se espreguiça na cama com sono

E imagina dia longo, difícil e duro.

De Santa Cruz a Copacabana

O trem da Central do Brasil balança

Seus pensamentos, pernas, braços e músculos.

A viagem um diário tormento

Surreal, nos trilhos do absurdo.

Gente caindo do teto

Gente em cima do muro

Criança sentada no banco

Gestante gerando o futuro.

Cinco para as oito em ponto

Vestido de azul e branco, é vigilante

Vigia que a tudo vigia.

Nessa manhã esperta,

Observa mocinhas indiscretas

As pernas bem torneadas

Andando a caminho da praia.

A fumaça dos ônibus é tóxica

As buzinas dos carros, alucinante.

A tarde parece apressada

E chega na hora marcada

Com o tempo parado no tempo.

De volta, as moçoilas, da praia

Os mesmos olhares de antes

O desejo quer um sorvete

E coca cola bem gelada.

Nessa vontade calada

A noite desce, sem sono

As vinte e uma em ponto

A saída tão esperada

Tem no cansaço, seu dono.

O mesmo trem da Central

Faz a viagem de volta.

Rápida comida de sal

E o corpo pesado na cama.

Não sei a que horas ele acorda

Mas com certeza, ainda está escuro.

Tony Bahia

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 30/03/2012
Reeditado em 30/03/2012
Código do texto: T3585434