Vigilante diuno
Cotidiano
E tudo se passa em um dia só,
Como se toda uma história
Fosse composta
Pela breve-vida
Que o momento tem.
Tony Bahia
Vigilante diurno
Nem imagino a que horas ele acorda
Mas com certeza ainda está escuro.
Se espreguiça na cama com sono
E imagina dia longo, difícil e duro.
De Santa Cruz a Copacabana
O trem da Central do Brasil balança
Seus pensamentos, pernas, braços e músculos.
A viagem um diário tormento
Surreal, nos trilhos do absurdo.
Gente caindo do teto
Gente em cima do muro
Criança sentada no banco
Gestante gerando o futuro.
Cinco para as oito em ponto
Vestido de azul e branco, é vigilante
Vigia que a tudo vigia.
Nessa manhã esperta,
Observa mocinhas indiscretas
As pernas bem torneadas
Andando a caminho da praia.
A fumaça dos ônibus é tóxica
As buzinas dos carros, alucinante.
A tarde parece apressada
E chega na hora marcada
Com o tempo parado no tempo.
De volta, as moçoilas, da praia
Os mesmos olhares de antes
O desejo quer um sorvete
E coca cola bem gelada.
Nessa vontade calada
A noite desce, sem sono
As vinte e uma em ponto
A saída tão esperada
Tem no cansaço, seu dono.
O mesmo trem da Central
Faz a viagem de volta.
Rápida comida de sal
E o corpo pesado na cama.
Não sei a que horas ele acorda
Mas com certeza, ainda está escuro.
Tony Bahia