amiga momentânea
extirpada do vegetal
ainda molhado de suor noturno
ela agora passeia deslizando
entorpecida pela agonizante ruptura /
inspiro seu perfume extraordinário
adocicado quase que selvagem /
ela dança entre os dedos passando
nua suave num e noutro ao sabor
de meus movimentos reflexos contínuos
enquanto vou longe nos devaneios delirantes /
seu espinho comete um ato derradeiro de provocação
ao furar-me a pele almejando
atrair para si minha atenção /
aceito o convite e direciono
meus olhos em suas pétalas aveludadas
tingidas de vermelho escarlate /
retenho esta flor como amiga momentânea
já que perde seu vigor instante a instante
desde que extraída do seu corpo
em prol do meu irascível desejo /
um capricho louco
de querer vê-la em outras mãos