Matando Rodchenko
Minha fábrica produz cubos.
Mas mesmo o cubo, é burguês?
Então minha revolução é um esquadro.
Um esquadro que desenha o operário.
Que morreu sem nome, em nome da revolução,
virou cartaz em cores primárias,
estátua com foice e martelo,
e agora é apenas uma serigrafia,
que enfeita a sala do patrão.
Minha tipografia enfeita camisetas.
Sem formalismo ainda assim.
Pra você que não se importa,
tanto faz se é construtivismo ou tiro de canhão.
1917 está longe demais.
E você é o pesadelo de uma nação.
Enfim estamos todos enfileirados,
diante dos andaimes, dos esqueletos,
que serão logo preenchidos por concreto,
para isolar a arte sob as câmeras de segurança,
da ignorância de toda uma população.
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Ilustração: Cartaz do artista construtivista Alexander Rodchenko