O OLHO DA RUA..
A rua de antes
de pouco movimento,
sorria de mim...
Do cigarro queimando o bolso,
o uniforme bem passado,
o jornaleiro da esquina,
o irritante cheiro de jasmim...
Alegrias vindas de longe
retalhadas na lembrança.
A freira vesga, a reza de todos os dias,
o banheiro das meninas,
o monitor barriga grande e pouco cabelo...
O zêlo da professora, o menino mais bonito,
o amor e o chôro escondido.
Aquela rua de antes, de pouca gente
sorria de mim...
Hoje chora tristonha aquela rua de antes.
Não tem mais zêlo nem gente pouca
e já não tem jornaleiro.
Não passa mais por ela aquele menino de antes...
Ela agora é a pequena rua de toda gente,
de corre corre, e descontente,
a rua chora sem sair do lugar,
sem viver nua...
O que a rua de antes mais quer agora
é ir correndo morar em outra rua...