Esteio da Igualdade
Abro a janela para o mundo
E percebo a multidão tagarela que passa
Pelo silêncio que não se importa
De ser corroído pelo burburinho da cidade...
Ventos alucinógenos mostram o perfil vagabundo
De silhuetas que semeiam a desgraça
E que abrem demasiadamente a porta
Para que o murmúrio seja o fel da infelicidade...
Há corredores cujos tapetes são imundos
Pela embriaguês deixada nas taças
Em que navega uma esperança quase morta
E que pode transformar o ritual da realidade...
Pelos campos a sinestesia tem o teor profundo
Da sensibilidade que alimenta as massas
E trancafia o viés que faz vibrar o aorta
Dos corações que vivenciam a solidariedade...
Pelas estradas o arrebol que se descortina ao fundo
Traz a mensagem que importuna e ameaça
Os vícios de um universo da natureza torta
Que sucumbirão diante do esteio da igualdade!