Um rio, um remo
Vou indo vida a dentro
Cada vez mais fundo
Velando a morte
da inocência
Correndo rio abaixo
Em correntezas barrentas
Cores do céu cai em meus olhos
E sei que tudo que tenho é o momento
Tudo que vi perpassa
Meu corpo
Me agride dormindo
Acordado e absorto
Não me posso fugir
Mas não quero ser morto
Eu sou meu algoz
Um vilão insolente
Me bato me estrago
Me persigo, ausente.
A vida é nada, a dor é real
Os beijos dependem da boca
E A serra contorna tudo que existo
Será que vejo o que escrevo
Será que tenho o que vejo
Será que amo o que desejo?
E minha pele me cobre
De valas e velas
De flores e facas
Do canto de barro
Que mascara a mazela
E o lago ao meu lado
Que reflete o futuro
Me assopra um lembrança
Quando era pequeno
E tudo que quero
É um rio, um remo...