Um rio, um remo

Vou indo vida a dentro

Cada vez mais fundo

Velando a morte

da inocência

Correndo rio abaixo

Em correntezas barrentas

Cores do céu cai em meus olhos

E sei que tudo que tenho é o momento

Tudo que vi perpassa

Meu corpo

Me agride dormindo

Acordado e absorto

Não me posso fugir

Mas não quero ser morto

Eu sou meu algoz

Um vilão insolente

Me bato me estrago

Me persigo, ausente.

A vida é nada, a dor é real

Os beijos dependem da boca

E A serra contorna tudo que existo

Será que vejo o que escrevo

Será que tenho o que vejo

Será que amo o que desejo?

E minha pele me cobre

De valas e velas

De flores e facas

Do canto de barro

Que mascara a mazela

E o lago ao meu lado

Que reflete o futuro

Me assopra um lembrança

Quando era pequeno

E tudo que quero

É um rio, um remo...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 29/03/2012
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