Rapsódia Francesa
Uma fabricante de flores falsas,
não deixa o perfume nas mãos,
e sim o sangramento discreto,
dos pequenos cortes de papel.
Vai morrer de tuberculose ou
de sacrifício por amores inéditos.
Amor tão sintético quanto é
o polipropileno e o bel-canto.
Suave brisa que passa tão só,
é feita de ventiladores escondidos.
Grandes juras de amores perfeitos,
são feitas por libretos de escritores cretinos.
E mesmo assim de suas mãos, florista,
a falsidade eu compro,
tão distante estou da natureza,
que acho que tem até um perfume breve,
em cada pétala que não fenecerá.
Mesmo com o inverno mais cruel,
fabricado por sprinkler e ar condicionado.
Secreto coração distante da curiosidade,
não é natural nem feito de vidro.
Sinto seu peso em frente ao teatro antigo,
e desejo "merda" para sua encenação,
de dolorosa mulher, largada na vida,
ostentando no rosto o sacrifício,
tão caro àqueles de boa alma.
Para mim, que sou só dissimulação,
me cabem as flores tão mortas,
quanto morto está meu coração.