Rapsódia Francesa




Uma fabricante de flores falsas,
não deixa o perfume nas mãos,
e sim o sangramento discreto,
dos pequenos cortes de papel.
Vai morrer de tuberculose ou
de sacrifício por amores inéditos.
Amor tão sintético quanto é
o polipropileno e o bel-canto.
Suave brisa que passa tão só,
é feita de ventiladores escondidos.
Grandes juras de amores perfeitos,
são feitas por libretos de escritores cretinos.
E mesmo assim de suas mãos, florista,
a falsidade eu compro,
tão distante estou da natureza,
que acho que tem até um perfume breve,
em cada pétala que não fenecerá.
Mesmo com o inverno mais cruel,
fabricado por sprinkler e ar condicionado.
Secreto coração distante da curiosidade,
não é natural nem feito de vidro.
Sinto seu peso em frente ao teatro antigo,
e desejo "merda" para sua encenação,
de dolorosa mulher, largada na vida,
ostentando no rosto o sacrifício,
tão caro àqueles de boa alma.
Para mim, que sou só dissimulação,
me cabem as flores tão mortas,
quanto morto está meu coração.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 28/03/2012
Código do texto: T3581834
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