INEXISTENTE
Nunca mais me debrucei
sobre a ânsia de desenhar o sentir
na folha branca receptiva
nessa que agora risco
meu desejo de estar contigo
Lembro do dia
em que nunca mais
era muito pouco
Pergunto-me o que restou daquele tempo
em que me prendias
nas ralas teias
que lançavas a mim
como migalhas de um pão
que não se quer comer
Interrogo o vento
que sopra devaneios
em meus contristados ouvidos
para onde ele nos levará?
onde ele me trouxe?
que lugar nos fará habitar?
Minhas pernas cansadas
parecem não querer
levar-me a lugar algum
Não sei se o vento
ainda tem forças para o peso
que levo comigo
Não sei se tu irás comigo
ou se me fará ficar aqui
Quero apenas que saibas
que nunca mais
não é muito pouco
simplesmente
nunca existiu...
14.OUT.MMVI
1h28