Sacrificadas

cansadas e esfoladas, minhas letras

mostram-me faces ensanguentadas

era delas, a carne, entre meus dedos

vítimas dos meus desatinos, deliram

num transe entre a vida e a morte

ao sol de gelo, queimam suas feridas,

eram minhas todas as chagas

eram minhas todas as dores

e são elas, que sofrem e morrem...

se meus joelhos aqui estivessem

os dois, dobraria-os rumo ao chão

tal qual pétalas beijando mãos

mas já não me serve, a matéria

é da alma, o sacrifício da verve

a prece em busca das palavras...

um nada, abstrai-me, resta-me,

páginas em branco, nuas, choram

no vazio, minhas letras, enterro...

Almma
Enviado por Almma em 28/03/2012
Reeditado em 29/03/2012
Código do texto: T3580666
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