Infinitude

É noite

A primeira noite de um outono ainda diáfano

de sensações inefáveis

pairando sobre os ruídos da rua

A solidão do friozinho vem quieta

na brisa

como pássaro migrando

O estridente silêncio da casa gira no ar

esvaído em ausência e infinitude

Há flores que desabrocham à noite

Eu nunca vi

Mas a centopéia do meu sentimento jura pelos céus

que há flores que desabrocham à noite

E eu fico me perguntando se na minha noite elas desabrocham também

Não sou nada e, no entanto,

quero flores desabrochando na minha noite