Entre os movimentos
Desloco-me do eixo central
perco o fio da caminhada
tropeço e desvio o “pé-de-lebre”
da carreira do trem,
olho o horizonte a esmo
e vejo surgir o nada
Ah, eu... duas,
A outra, aprisionada no porão do tempo,
no barraco, hoje soterrado
por pés silentes que subiram e desceram aquelas escadas
e que pisaram aquelas terras ,
cavo, incansavelmente,
arranho calendários
levanto-me no outro fluxo
extenuada de quedas infinitas
no túnel sem luz,
só um fiapo me resta, apenas,
agarrado entre os movimentos.